[Opinião] - Ainda estou aqui

Ainda estou aqui, escrevendo neste blog depois de 6 anos. 



Fui pro cinema com a expectativa alta, já que por onde se olha atualmente vê-se elogios e esperança da vitória de um Oscar, mas o que ele me entregou foi muito diferente do que eu esperava, de uma maneira surpreendentemente boa.


A história

No filme acompanhamos Eunice de Oliveira (Fernanda Torres), esposa de Rubens Paiva (Selton Melo) que vê no início dos anos 1970, período mais violento da ditadura militar, sua vida se transformar num pesadelo após ter seu marido levado por agentes da ditadura. 

Em busca de respostas e justiça, Eunice ainda precisa busca força para sustentar seus 5 filhos. 


Opinião 

 Apesar da tensão imposta pelo contexto histórico, o filme consegue começar trazendo momentos agradáveis do cotidiano dessa família com cenas que trazem um ar de familiaridade de forma que, como espectador, consegui me enxergar vivendo aquela vida. 

A tensão vai subindo no filme e de tempos em tempos se percebe que existe um medo no ar, quase sempre ocultado das conversas pelo fato da presença constante de crianças no ambiente, mesmo assim, os atores foram excelentes em transmitir estes sentimentos para a audiência.

O diretor também fez escolhas narrativas ótimas, construindo uma história sem grandes clímax, trazendo uma sensação de falta, que se assemelha a sensação que as personagens estão vivendo. 

Pequenos detalhes em diálogos, expressões faciais, e movimentações pelo cenário mostram o nível de atenção aos detalhes que foi colocado nesse filme de maneira que a personalidade das pessoas representadas ali fica completamente clara para quem os está conhecendo pela primeira vez.

Não se pode deixar de falar de Fernanda Torres, que, como protagonista deste filme, entrega uma atuação incrível (sem dúvidas, digna de Oscar), com uma realidade que nos faz sentir que estamos vendo um documentário com pessoas reais. 

Quanto ao Óscar, o filme sem dúvida merece uma premiação mas, apesar da minha torcida, trata-se de um filme extremamente delicado e sentimental, duvido muito que a academia sinta toda a emoção que nós, brasileiros, sentimos ao assistir esta obra prima. Não consigo imaginar que americanos vão empatizar com as dores de uma população oprimida por uma ditadura militar. Espero estar errado e que possamos comemorar esse tão aguardado prêmio (e quem sabe vingar Fernanda Montenegro).

Nota: 10



Ficha técnica

Diretor: Walter Salles

Roteiro:

    Murilo Hauser

    Heitor Lorega

Duração: 135 min.

Ano: 2024

País: Brasil

Distribuidora:  Sony Pictures Releasing

Gênero: Drama Biográfico

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