terça-feira, 29 de março de 2011

Sucker Punch - Um Mundo Surreal

Uma garota sofrida é colocada em um hospício por seu padrasto maligno e, enquanto o dia de sua lobotomia se aproxima, ela trama um plano para escapar.Isso poderia facilmente ser um drama, com umas longas e angustiantes duas ou três horas de duração; mas felizmente não é. Zack Snyder faz sua estreia como roteirista com um filme soberbamente visual, inoculando uma overdose imagética de bastiões da fantasia pop moderna em uma situação pouco tradicional para o cinema engomadinho de Hollywood.

O filme é todo segmentado: entre um avanço e outro, sequências videoclípticas dão a impressão de frear a narrativa para nos bombardear com uma viagem musical, visual, orgástica. Temos essa impressão até perceber que a história acontece em vários níveis: na “realidade”; no mundo fantasioso criado pela imaginação de Babydoll (Emily Browning) – um cabaré, análogo ao hospício –; e nas zonas surreais onde a personagem literalmente luta para conseguir o que precisa. Praticamente um jogo de “sonho dentro de sonho”, a comparação com o recente A Origem é inevitável.
A linguagem de videoclipe fica clara logo no prólogo do filme, quando os acontecimentos que levaram a protagonista ao hospício são condensados em poucos minutos, e se apresentam bastantes orgânicos com a trilha sonora: Sweet Dreams (Are made of this), interpretada pela própria Emily Browning (metalinguagem, alguém?).
Falando em “vários níveis”, a beleza de Sucker Punch também se aplica ao real e ao irreal: o elenco formado por beldades (Emily BrowningAbbie CornishJena MaloneVanessa HudgensJamie Chung), na maioria das cenas em roupas fetichistas, e os gigânticos efeitos em computação gráfica são igualmente estonteantes. As ilusões mais profundas de Babydoll retratam batalhas em um Japão fantasioso, uma zona de guerra dieselpunk, uma guerra tolkeniana e uma ferrovia sci-fi.
Outra associação um tanto óbvia é com os videogames. A fórmula “destruir os inimigos na fase – destruir o chefão – obter um item importante para prosseguir” é clássica nos videojogos e se repete a cada ilusão embalada pela misteriosa dança de Babydoll.
Muito interessante também é imaginar o que acontece em todas as camadas do bolo, enquanto Babydoll come a cobertura. Do pouquíssimo tempo gasto no hospício, podemos matutar algumas hipóteses de por que a “alucinação” da garota é um cabaré, quem são suas companheiras, e principalmente o que acontece enquanto ela dança. Não só a narrativa acontece em vários níveis, mas também a linguagem. Sucker Punch no fim pode parecer um filme raso em história – mesmo com uma ideia tão promissora – que termina com um gostinho agridoce pela lição de moral jogada ao final. Mas toda fábula precisa de uma lição de moral, e talvez quem consiga se libertar do festim visual e escave alguns andares de significância consiga perceber uma essência diferente no filme.
Zack Snyder já ganhou a fama de ser um “diretor nerd”, por ter dirigido adaptações de quadrinhos (300Watchmen) e o remake do clássico filme de zumbis Madrugada dos Mortos. Sucker Punch é uma afirmação. Zack Snyder se mostra um mirabolante mestre de RPG, mestrando a sua primeira e ambiciosa aventura como quem diz “eu conheço tudo sobre fantasia, agora vamos começar a nossa sessão”.
Postado Por: Nilzo Junior

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