Uma garota sofrida é colocada em um hospício por seu padrasto maligno e, enquanto o dia de sua lobotomia se aproxima, ela trama um plano para escapar.Isso poderia facilmente ser um drama, com umas longas e angustiantes duas ou três horas de duração; mas felizmente não é. Zack Snyder faz sua estreia como roteirista com um filme soberbamente visual, inoculando uma overdose imagética de bastiões da fantasia pop moderna em uma situação pouco tradicional para o cinema engomadinho de Hollywood.
O filme é todo segmentado: entre um avanço e outro, sequências videoclípticas dão a impressão de frear a narrativa para nos bombardear com uma viagem musical, visual, orgástica. Temos essa impressão até perceber que a história acontece em vários níveis: na “realidade”; no mundo fantasioso criado pela imaginação de Babydoll (Emily Browning) – um cabaré, análogo ao hospício –; e nas zonas surreais onde a personagem literalmente luta para conseguir o que precisa. Praticamente um jogo de “sonho dentro de sonho”, a comparação com o recente A Origem é inevitável.
A linguagem de videoclipe fica clara logo no prólogo do filme, quando os acontecimentos que levaram a protagonista ao hospício são condensados em poucos minutos, e se apresentam bastantes orgânicos com a trilha sonora: Sweet Dreams (Are made of this), interpretada pela própria Emily Browning (metalinguagem, alguém?).

Outra associação um tanto óbvia é com os videogames. A fórmula “destruir os inimigos na fase – destruir o chefão – obter um item importante para prosseguir” é clássica nos videojogos e se repete a cada ilusão embalada pela misteriosa dança de Babydoll.

Zack Snyder já ganhou a fama de ser um “diretor nerd”, por ter dirigido adaptações de quadrinhos (300, Watchmen) e o remake do clássico filme de zumbis Madrugada dos Mortos. Sucker Punch é uma afirmação. Zack Snyder se mostra um mirabolante mestre de RPG, mestrando a sua primeira e ambiciosa aventura como quem diz “eu conheço tudo sobre fantasia, agora vamos começar a nossa sessão”.
Comentários
Postar um comentário